segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

TEOFOBIA

"Teofobia". Neologismo: medo de Deus. Aversão a Deus. Rejeição a Deus. Seria um passo a mais no movimento de se esconder de Deus. De fingir-se que Ele não está perto, ou que não se está ouvindo Sua voz. Essa reflexão vem do momento em que Adão, nu e escondido no paraíso, responde a Deus que por estar nu, teve medo.
Medo primitivo em relação a Deus, pai de todos os medos. Nessa condição humana, a voz de Deus não é um chamado á comunhão no fim do dia. Não é a voz de um pastor, conhecida, amigável, nem é transmissora de segurança e paz. Ouve-se, essa qualidade não foi perdida, mas o resultado é a perturbação da alma, a insegurança, o autonomismo que produz o medo.  
Contudo, a voz de Deus não mudou. Mas a percepção humana havia mudado, sim.
A teofobia tem se multiplicado por conta da multiplicação da humanidade sem relacionamento com Deus. 
Mas a mensagem de vida dos profetas e dos apóstolos é para a vida com Deus, e no Novo Testamento é revelado como se vive esta vida: a partir de uma nova humanidade i.e., a de Cristo.
Jesus exemplifica uma humanidade sem teofobia, mas em harmonia com Deus. Está na "oração do Pai Nosso". "Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu". Enquanto habitante da terra, Jesus alcança o céu, sabendo que ambos N´Ele estão unidos. Não há medo aqui. Pode então, invocar a existência do reino de Deus.
"O perfeito amor lança fora todo o medo", escreveu o apóstolo João. Se ele aplicou isso a sua vida, como creio que aplicou, por isso pode ver a Revelação. Pode estar numa ilha enquanto sentenciado pelo Império Romano, e mesmo assim, entrou no céu, no céu que um dia descerá, e como Jesus orou, céu que virá para constituir tudo novo. Será que é pela falta de teofobia em João, que seu apocalipse está cheio de "vi", "ouvi"? João não só vê e ouve, como pergunta, chora, se emociona, participa. Torna-se inclusive, o cronista da tudo o que vive. Sem medo ouviu Jesus, e foi chamado a entrar nas moradas de Deus.
Portanto, não pode haver teofobia em quem nasceu de novo.

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